sexta-feira, 10 de abril de 2009

t r ê s

Se preferir ouça SOKO que está no blog para você...
O três (3) é o número natural que segue o dois e precede o quatro.
Parece o óbvio e monótona esta informação mas deixa-me em repouso nestes dias em que eu estava no dois, agora deliciosamente no três e possivelmente no quatro daqui uns instantes. A vida corre pra mim, não anda.

O 3 é o segundo número primo e o primeiro número primo ímpar. Esta também é uma questão que me deixou perplexo, pra nós não matemáticos, deve parecer insignificante uma situação de imensa complexidade e virtuosismo, para a matemática esta composição de 2º primo e 1º primo ímpar é capaz de reverter o caos e aniquilar o vazio. Não sei se é possível mas logo saberemos.... a vida corre e escorre.

O número 3 tem uma grande importância simbólica de união e equilíbrio, aparecendo na Santíssima Trindade, nos três poderes (jurídico, executivo, legislativo), em "Os três mosqueteiros", sendo recorrente sua presença na literatura e nas artes. “Os três mosquitos vazios”, “A terça parte daquilo que se dividiu”, “Eu e estes dois”, “Corpo em três”. Na vida – infância, juventude e velhice. e que Benjamin Button fique com seu curioso. E ela corre, escorre e escorre.

Três também é um número chave da democracia, pois é a quantidade mínima de pessoas necessárias para que se consiga tomar uma decisão em grupo.

Também é conhecido sexualmente em Ménage à trois. Uma surpreendente experiência de desdobramento no outro, de deslocamento de sensações, de desprendimento ou nenhuma destas coisas. Nenhuma. E a vida corre, encolhe.

O três também é usado como pedida de socorro. Para pedir socorro no deserto ou em alguma outra região, basta fazer três fogueiras, porque três é um código mundial. Ou três desejos, três dedos de altura, três cantos de louvor, três suspiros de amor, três pulos para achar algo, três batidas na madeira, três pensamentos maus, três sufocamentos, e a vida corre, entorne.
e perceba o um, o dois e logo o três...

t r ê s - este é o um

daqui estou na vida que corre a três. que me olha, que me entende e se assim não o for, sem problemas

porque observa, olha com olhar de sono, delicioso e com carinho.






e quando juntos, bem perto, sobram línguas e uma irresistível vontade de tirar a pele como Diane Arbus








e se tiro, fico imponente, firme, e surpreendentemente verdadeiro. e o faço. escalpo, em couro e cabelo







só pra ficar assim... como se o mundo pudesse acabar e não houvesse problemas, não houvesse medo ou dúvidas, e há, como se a confiança tomasse conta do corpo, dos pêlos, da pele, dos sonhos. fico protegido...

t r ê s - este é o dois


de boca aberta, realizar-se-ia o suspiro, mas acabamos na dicotomia e a vida esbarra, encalha, atola
e brigamos com unhas, dentes e pêlos



tudo fica confuso e resolvemos uma destas datas – a páscoa – quase como uma ilha – a de páscoa – conviver com coelhos e pêlos e a vida corre de novo

não será possível SEM QUE
a lenhosa e alaranjada raiz
faça da gente mais coelho
do que qualquer outra coisa,
afinal estamos na ilha - a de páscoa –
como os gregos e romanos,

eu acho


e como num passo de mágica, um feitiço mesmo, deixamos nossos pêlos e anseios com Pierre Boulle, bananas e pêlos



a degustação ultrapassa a expectativa primeira
chega com luz e densidade, passa pelas mãos, entre os dedos, pelo desejo, pela insuportável vontade de ter e experimentar
e a vida corre mais e mais rápido





ficamos lambuzados de tudo

t r ê s - este é o três


um breve descanso














pra ver este enorme ser, que na vida corre, foge e te olha, ainda




entendo o que quero ver, olhar, a vida pára, e dentro, lá de dentro nasce e corre
com vontade de estar dentro, por dentro



















de repente
eu não vejo nada







ele fecha os olhos
eu me desligo,
a vida em transe,
adoecida,
bêbeda,
absinto, anis e funcho






eu fecho os olhos e a vida voa.
para abri-los será necessário ter o que ver...
enquanto isto abra os teus.